9.1.05

porque apesar das minhas orações, tu não voltas... porque tudo isto deixa assim de ser meu

ODE A QUEM DE LÁ NÃO VOLTA POR NUNCA DE LÁ TER PARTIDO

Lembro-te no teu
altar a côr de vela de santuário

(Quanto tempo faz que partiste?
Quanto o tempo que te fez mito?)

Me parece eterno
o teu corpo
exactamente assim
desde o dia impreciso em no-que-te-tornáste

Não há inicio de ti.

Lembro
milimétricamente o teu nariz
oblongo
-precisão estática-

e a maneira como caminhas sem tocar o chão
no corpo dos outros
antes de ti
antes de os conheceres

assustadora omnisciencia

Terei tocado teus quadris
poderia ter tocado teus quadris
de Sangue
e não seria mais imoral que tocar a forma esculpida
de um qualquer antecedente teu

assustadora descendência

Não há fim de ti,
no teu olímpo, diluído de céu.